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Trazes-me vivo

Sabes, às vezes creio que a chuva cai do céu por que choras. Acredito que o Sol brilha porque sorris, e que as noites de Verão são quentes porque adormeces destapada e eu mesmo na madrugada te cubro o corpo desnudo.

Quando estou em silêncio é quando mais te escuto, quando falo atropelo as palavras e digo disparates que não entendes, por isso escrevo-te, cartas infindáveis como se fossem estrelas no firmamento. Repito-me, mas sempre te digo de forma terna e delicada que és a minha amada.

A verdade é que não faz muito sentido existir na tua ausência, tudo fica cinzento e triste, o vazio é mais que o espaço escuro, é um campo de batalha onde se digladiam sentimentos e amarguras. Talvez por isso, e só por isso, já nem chore, já nem grite, fico quieto e calado, numa estranha loucura que se entranha até aos ossos.

Eu sei que não me ouves, que nem sempre lês os recados que te deixo espalhados pelo Universo, mas mesmo assim não desisti de ti, és tu que me trazes vivo.


Quadro: Édouard Debat-Ponsan - "le massage" - 1883


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